O Mundo Digital antes de estar na Moda
Se recuar às minhas memórias de infância, um dos jogos que mais marcaram esses meus anos, além do Brick Game, onde passava horas a montar os cubos do Tetris, foi o Tamagotchi. Outro aparelho viciante que consistia em manter vivo o nosso animal digital, oferecendo-lhe comida, brincando com ele e entregando-lhe os medicamentos, quando ficava doente. Ora, numa época em que os telemóveis ainda eram feitos de tijolo e com antena, tinham apenas a função de fazer chamadas e enviar mensagens, não podíamos contar com eles para nos entretermos a jogar. Os Tamagotchi eram como se fossem o nosso próprio animal de estimação. Uma forma que o oriente (o jogo foi inventado no Japão) conseguiu para entrar no ocidente. O sucesso deste jogo electrónico foi tanto que só se ouvia falar no assunto. Muitos não sabem, mas foi daqui que surgiu um dos desenhos animados que marcou a minha infância e mais tarde a fase adulta. Estou a falar dos “Digimon”. Os estúdios de animação Toei Animations viram no brinquedo um sentido de oportunidade e juntamente com a Bandai (a marca que abrange grande parte dos brinquedos japoneses) decidiram criar uma animação baseada em companheiros digitais para humanos. Depois desta febre de Tamagotchis em 1997, foi lançado em 1999 um anime (animação produzida em estúdios japoneses) e que no ano seguinte já estava a ser transmitido nas televisões portuguesas.
“Digimon” foi provavelmente das animações que mais marcaram a minha infância. Esperava ansiosamente por cada episódio. Todos os dias durante a semana não falhava. No início dos anos 2000, havia outro anime que lhes fazia concorrência, era “Pokemon“. Ainda recentemente voltou a febre desta franquia, com o lançamento do jogo online Pokemon Go, onde os jogadores conseguiam interagir com a realidade e o virtual, já que possibilitava a captura de pokemons em qualquer lugar. Muitos aderiram à Pokemania. Começaram a praticar mais exercício sempre em busca dos animais virtuais nos lugares mais insólitos. Quanto aos animes, moldaram-se com conceitos idênticos. Criaturas diferentes que interagiam livremente com humanos. Muitos aplaudiam mais por Pokemon, mas eu era Digimon a cem por cento.
Durante 54 episódios, acompanhamos sete crianças, designadas como digi-escolhidas, que, enquanto estavam num acampamento de Verão, foram levadas repentinamente para o Mundo Digital. Um mundo paralelo ao nosso, habitado exclusivamente por digimons ou monstros digitais. Cada criança era responsável por um digimon e ficavam parceiros de aventuras. Rapidamente perceberam que para voltarem para casa, teriam que derrotar o Mal daquele mundo. Muita responsabilidade para umas crianças que deveriam ajudar os seus parceiros a evoluírem e tornarem-se mais fortes.
A aderência ao anime na altura foi um sucesso. Além da televisão, os “Digimon” podiam ser encontrados em brinquedos, cartazes, jogos, entre outro merchandising. Tal permitiu que a franquia expandisse até 2003, mas, como dizem, não existe amor como o primeiro e os primeiros protagonistas foram sempre os melhores da saga. [LER MAIS]