“Rescue Me” no seu título original é uma série de 2004 que conseguiu sete temporadas. Talvez das primeiras séries televisivas que se focaram na tragédia do dia 11 de setembro de 2001 que abalou não só os Estados Unidos da América no seu centro, como o resto do mundo. A série aborda a vida de Tommy Gavin, um bombeiro que esteve presente nas torres gémeas após a ataque onde a sua vida mudou para sempre. Além da perda de vários companheiros nesse fatídico dia, também o seu primo foi uma das vítimas, um dos seus melhores amigos. Conflitos constantes com a sua esposa, Janet, ditou o fim do casamento. A sua distracção pela educação dos seus três filhos foi dos principais motivos. Além de lidar com o stress-pós traumático tem que ser o ombro amigo de Sheila, a viúva do seu primo, por quem ela tem um fraquinho. A juntar à equação tem na família o vício do álcool e a dificuldade de comunicação. Enquanto concilia a sua vida privada com o quartel de bombeiros em Nova Iorque, ao lado dos seus companheiros, cada um com os seus problemas de adaptação.
Uma série com testosterona a mais que divaga sobre as complicações da vida matrimonial, o emprego, a luta em ser um bombeiro em Nova Iorque e as conquistas e fracassos do dia-a-dia. O protagonista Denis Leary evoca frequentemente as suas origens irlandesas na série, já que também produziu vários episódios, o que também contrasta com a diversidade cultural que existe. Daniel Sunjata interpreta Franco um porto-riquenho, Larenz Tate é o Black Shawn único de cor negra no quartel.
Apesar de até ser uma série interessante com um diálogo imediato e espontâneo (quase que nem existe falas em papel) durante sete temporadas a narrativa torna-se desgastante e quase aborrecida. Focando-se sempre nos mesmos temas como o vício do álcool (começa e termina), relações conturbadas (começa e termina), doenças (começa e termina noutras personagens). Um vai-e-vem de sequências repetitivas que já não mede o interesse do público. Acredito que os atores apenas continuavam a filmar como forma de divertimento, pois já eram considerados uma família. As últimas duas temporadas já só conseguiram 10 episódios cada uma.
Inicialmente o argumento livre e descontraído considerei-o dos factores mais positivos e interessantes da série. Uma comunidade de bombeiros que diz tudo da boca para fora, quase sem pensar. Quanto a evolução das personagens é quase nula, pois cada uma ainda se mantém igual da primeira à última temporada. O que também achei interessante em “Rescue Me” era a componente sobrenatural. Tommy tinha a capacidade de ver os fantasmas das pessoas já falecidas, mas não conseguiram desenvolver essa envolvente. Mantendo apenas as alucinações entre as pessoas próximas que perdeu durante a série e que lhe deambulavam situações que ele devia ter melhorado. O factor de morte estava muito presente na série, pois a cada temporada perdia-se uma pessoa de interesse para a série e até personagens que ainda faltava demonstrar o seu verdadeiro valor.
O último episódio de “Socorro” foi dos melhores episódios finais de séries que já assisti. Além da tristeza, ainda nos conseguimos rir bastante e houve um pequeno twist, com um final em aberto para novas oportunidades. Acabou da melhor maneira para estas personagens.