Mulherzinhas (2019)

Jo March reflecte sobre a sua vida, explicando a história das queridas irmãs March – quatro mulheres, determinadas e viver a vida nos seus próprios termos.

Título: Little Women
Ano: 2019
Realização: Greta Gerwig
Interpretes:  Saoirse Ronan, Emma Watson, Florence Pugh…
Sinopse: Jo March reflecte sobre a sua vida, explicando a história das queridas irmãs March – quatro mulheres, determinadas e viver a vida nos seus próprios termos.

Esta obra clássica da literatura recebeu uma nova adaptação, mais fresca e jovial pela realizadora Greta Gerwig. Uma visão feminina era tudo o que mais precisávamos para este filme.

As Mulherzinhas” surgiu em 1868 pela imaginação de Louisa May Alcott, ou melhor, esta é uma semi-biografia, com personagens fictícias, inspirada na sua própria vida. Nesta obra intemporal e moderna para a época, reflecte com transparência o papel das mulheres na sociedade. Transformou-se nas suas vozes. “Mulherzinhas” aborda a história de quatro irmãs – Jo, Meg, Beth e Amy, onde juntas tentam sobreviver a um período difícil da História Americana, a Guerra Civil (1861 – 1865). Este é um contexto necessário para compreendermos a generosidade desta família, guiadas pela sensatez da mãe. Marmee (Laura Dern) educa sozinha as filhas, enquanto a figura paternal luta na guerra. Apesar dos tempos difíceis, escreve sempre uma carta às suas filhas, assinando sempre “com muito amor para as minhas mulherzinhas”.

A narrativa não é abordada de forma linear. Greta Gerwig fez questão disso. Esta é uma nova adaptação, onde através de flashbacks ficamos a conhecer o passado e o presente da família March. Uma abordagem mais cativante para motivar o público. Tornando este filme de época mais acessível para todos. A protagonista da história é Jo, considerada como o ego real da própria escritora Louisa May Alcott. Com personalidade determinada e independente, Jo não se enquadra no quadro perfeito de mulher da altura. Sonha ser escritora e viver nos seus próprios termos. Triunfar num mundo de homens, inconformada com as leis sociais impostas às mulheres. Atualmente vive em Nova Iorque, mas uma carta fá-la voltar a casa.

Voltamos no tempo até 7 anos atrás. Estamos em Concord, Massachusetts na casa da família March. Conhecemos melhor as quatro adolescentes irmãs de classe média. Além de Jo, temos a sonhadora Meg, que ambiciona ser bela e casar; a calma e meiga Beth que adora a música e Amy a mais nova, muito emotiva e caprichosa. Com personalidades bastante diferentes, é interessante ver o crescimento de cada uma destas personagens no decorrer da narrativa. As suas ações perante as várias situações do dia-a-dia são degraus que vão ultrapassando e tornando os seus sonhos realidade.

Com um total de 6 Óscares em nomeação, incluindo Melhor Filme, Melhor Banda Sonora, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Guarda-Roupa, também estão nomeadas na categoria para Melhores Atrizes – Principal e Secundária. Saoirse Ronan é a escolhida da realizadora. Ambas já trabalharam juntas no filme Lady Bird que também esteve nomeado aos Óscares em 2018. Saoirse é uma excelente atriz e prova disso tem sido os filmes que tem participado. Assume bem o protagonismo e esta é já a sua quarta nomeação ao Óscar. Uma surpresa foi a jovem Florence Pugh que se destaca maravilhosamente neste filme. 2019 foi sem dúvida o seu ano, depois de participações em “Uma Família no Ringue, e “Midsommar” conseguiu várias nomeações aos prémios com “Mulherzinhas“. Além disso este ano vai participar em “Viúva Negra” que estreia em maio. No elenco ainda marcam presença Emma Watson, Timothée Chalamet (Chama-me pelo teu nome), Laura Dern, Eliza Scanlen (Sharp Objects) e Meryl Streep. Engraçado pensar que apesar de esta ser uma história tipicamente americana, o seu principal elenco não é. Todas as irmãs são inglesas, excepto Eliza que é australiana. Em algumas cenas mais tensas, Saoirse não conseguiu esconder o seu sotaque irlandês, esta foi apenas uma pequena referência. “Mulherzinhas” nesta edição aos Óscares, conseguiu apenas o de Melhor Guarda-Roupa.

Concluindo este é um filme que aquece o coração e apresenta mais um trabalho brilhante de Greta Gerwig como realizadora. Num indústria saturada de homens na chefia, Gerwig destaca-se na multidão. Apesar estar a competir com o marido, Noah Baumbach em “Marriage Story” para o prémio de Melhor Filme e Melhor Realização. Nenhum ganhou, no entanto ficou uma excelente nova adaptação do clássico de literatura e que Louisa May Alcott deveria ficar muito orgulhosa pelo resultado. 

Rating: 4 out of 5.

Sony Pictures Portugal

Lady Bird

No início de 2000 uma rapariga artística de 17 anos torna-se adulta em Sacramento.

Título: Lady Bird
Ano: 2017
Realização: Greta Gerwig
Interpretes: Saoirse Ronan, Laurie Metcalf, Tracy Letts…
Sinopse: No início de 2000 uma rapariga artística de 17 anos torna-se adulta em Sacramento.

Pode existir vários filmes sobre jovens que começam a entrar na vida adulta. Mas nem sempre essa viagem na maturidade é interessante. A realizador e argumentista Greta Gerwig decidiu criar a sua perspectiva e isso fez toda a diferente. “Lady Bird” podia ser um filme comum sobre a adolescência, mas não. Seguimos a história de Christine ou como se auto-titula Lady Bird, uma jovem de 17 anos que vive numa confusão harmoniosa de sentimentalismo e um ego forte. Rapariga completamente artística e com demasiadas opiniões, considera a cidade onde vive demasiado pequena para os seus sonhos. Além disso a sua imaginação ficar apreendida no colégio católico que frequenta. A família não a compreende e por isso Lady Bird só consegue ser ela própria quando está sozinha e com a sua melhor amiga.

Saoirse Ronan lidera com carisma a personagem Christine “Lady Bird”. A sua auto-confiança tornam desta personagem mais interessante com uma personalidade original, mesmo apesar dos seus diálogos. No filme também se destaca Laurie Metcalf como mãe preocupada. As cenas entre ambas as atrizes são absolutamente refinadas. Nesta obra cinematográfica várias situações são debatidas, é um conjunto de acontecimentos na vida de uma jovem finalista do ensino secundário. Desde o primeiro namoro, o começo da actividade sexual, as amizades, as dúvidas sobre o futuro e o stress típico da idade. O jovem elenco consegue surpreende e tornam este filme numa surpresa agradável. Greta Gerwig focou-se numa narrativa simples mas repleta de criatividade com vários planos ao ar livre, quase como se fizéssemos parte da história. Apesar de viver em modo anarquista Lady Bird vai perceber a importância das pequenas coisas e de como sente falta delas. O blogue atribui 4 estrelas em 5.

Rating: 3 out of 5.

Crítica: Jackie

Seguindo o assassinato do Presidente John F. Kennedy, a Primeira-Dama, Jackie Kennedy luta contra o trauma e o luto, tentando recuperar a fé, consolando os seus filhos e mantendo o legado do seu marido.


Título: Jackie
Ano: 2016
Realização: Pablo Larraín
Interpretes: Natalie Portman, Peter Sarsgaard, Greta Gerwig…
Sinopse: Seguindo o assassinato do Presidente John F. Kennedy, a Primeira-Dama, Jackie Kennedy luta contra o trauma e o luto, tentando recuperar a fé, consolando os seus filhos e mantendo o legado do seu marido.

Com um filme biográfico pouco convencional, o chileno Pablo Larraín optou por fazer uma abordagem mais pessoal sobre o lado da Primeira Dama, Jaqueline Kennedy (Natalie Portman) aos dias ensurdecedores que se seguiram ao assassinato do Presidente dos Estados Unidos da América, John F. Kennedy. Aproveitando com momentos passados na Casa Branca fazer o contraste com “Camelot”, o lugar de sonho que se tornou num verdadeiro pesadelo. A comparação com a lenda do rei Arthur foi mesmo atribuída pela viúva do presidente numa entrevista após sua morte. E tal momento é evidenciado no filme. Esta obra cinematográfica não apresenta uma história progressiva, são apenas memórias que se mantém interligadas após a trágica experiência que Jackie teve que suportar. Logo não é uma obra biográfica completa da vida daquela que foi a Primeira Dama mais reconhecida e também um ícone de moda. A satisfação deste filme é que não perde tempo em dramas exagerados e desnecessários. “Jackie” mantém-se como uma versão baseada na realidade.

Jackie” é portanto uma obra cinematográfica pessoal e intimismo sobre um momento trágico familiar num alto cargo de poder. Natalie Portman brilha como protagonista. Apresenta profissionalismo, determinação e carisma. A atriz revela estudo na sua personagem, o seu modo de falar e gestos foram estudados detalhadamente para não existirem falhas.Se verificarmos atentamente as cenas em que Jackie apresenta a Casa Branca é claro o esforço de Portman para se manter um retrato fiel ao real. A verdade é que ficamos a conhecer bastante bem os traços de personalidade da Primeira Dama, mesmo não sendo este inteiramente um filme biográfico. Portman não conseguiu o Óscar de Melhor Atriz, mas certamente seria uma excelente escolha. O diálogos apresentados mantém uma postura profunda e quase viciante de assistir. Concluindo “Jackie” é um filme completo, que retrata de forma subjectiva aquele que foi um dos maiores acontecimentos do séc. XX, o assassinato do Presidente Kennedy. Contudo seria também interessante acrescentar alguma objectividade real da situação para o espectador ficar mais esclarecido. O blogue atribui 4 estrelas em 5.

Rating: 3 out of 5.