Crítica: A Plataforma

Uma prisão vertical com uma cela por nível. Duas pessoas por cela. Apenas uma plataforma de comida e dois minutos para comer. Um completo pesadelo sem fim.

Título: El Hoyo
Ano: 2019
Realização: Galder Gaztelu-Urrutia
Interpretes:  Ivan Massagué, Zorion Eguileor, Antonia San Juan…
Sinopse: Uma prisão vertical com uma cela por nível. Duas pessoas por cela. Apenas uma plataforma de comida e dois minutos para comer. Um completo pesadelo sem fim.

Um buraco sem fim

Este filme de língua espanhola, não é para todos. Aliás é preciso ter “estômago” para assistir a muitas das cenas por aqui apresentadas. Atualmente em streaming na Netflix, acompanhamos um triller sobre o verdadeiro egoísmo humano. Tal como o protagonista, Goreng (Ivan Massagué), acordamos no desconhecido. Percebemos que está numa cela, prisioneiro. Numa cela onde apenas estão dois condenados. No centro encontra-se um enorme buranco quadrangular com um vertiginoso precipício sem fim.

As regras são nos explicadas: desce uma plataforma todos os dias com a melhor comida do mundo: lagosta, massas, vinho e até bolos extravagantes, mas cada cela tem apenas 2 minutos para comer o que pode, depois a plataforma baixa para o piso seguinte. Os privilegiados são os primeiros pisos, mas quem tem o infortúnio de calhar em pisos com números maiores, a comida é cada vez mais escassa. A cada mês mudam-se os prisioneiros das celas e o número total de andares é incerto.

A Plataforma” já conta com um Prémio do Festival de Toronto. Um triller poderoso que nos faz pensar na insanidade humana e egoísmo da sociedade. Uma crítica aguçada de fortes momentos que nos faz pensar sobre o mundo em que vivemos. Cada uma das personagens está a cumprir um castigo ou então está a zelar por um objectivo de vida. O nosso protagonista entrou voluntariamente neste poço do medo porque deseja receber um diploma e quer deixar de fumar. Contudo à medida que vai conhecendo as regras, percebe que não é com jogo limpo, nem com as suas palavras meigas que vai conseguir sobreviver. Terá de abstrair-se do homem que era e conseguir chegar ao fim dos seus seis meses de pena.

Num altura nunca antes vista na nossa sociedade com circunstâncias limitadas, consideramos este filme muito relacionável. Quase como se previssem o que iria acontecer no mundo nos meses seguintes. Quando os supermercados ficam com as prateleiras vazias, onde falha o papel higiénico e enlatados, percebemos que nos também estamos numa cela e a comida e bens essenciais rapidamente escasseiam, isto porque não houve partilha para o próximo. Percebemos que se queremos todos sobreviver temos que conseguir partilhar.

There are 3 kinds of people; the ones above, the ones below, and the ones who fall.

Goreng

Concluindo este é um filme que já se tornou viral e apesar de ser “nojento” e tenso para quem assiste, consegue transmitir uma forte mensagem. Afinal esse é o objectivo principal desta obra cinematográfica. A mensagem tem de chegar ao receptor que forma clara para que seja esse mesmo a agir coerentemente. Um filme que vale a pena conhecer. O blogue atribui 4 estrelas em 5.

Rating: 4 out of 5.
Netflix Portugal

Crítica: Okja

Uma menina arrisca tudo para prevenir que uma gigante multinacional de raptar o seu melhor amigo, um gigante porco chamado de Okja. Um original Netflix que vale a pena ver.

Título: Okja
Ano: 2017
Realização:  Bong Joon Ho
Interpretes:  Tilda Swinton, Paul Dano, Seo-hyun Ahn…
Sinopse: Uma menina arrisca tudo para prevenir que uma gigante multinacional de raptar o seu melhor amigo, um gigante porco chamado de Okja.

A Netflix começou lentamente a produzir os seus filmes originais. Nesta tentativa não se podia ter juntado melhor do que a Bong Joon Ho, vencedor de três Óscares este ano. Neste filme sul-coreano acompanhamos uma fantástica amizade entre uma menina, chamada de Mika e uma animal geneticamente modificado, Okja. Mika arrisca de tudo para salvar Okja de uma empresa multinacional, Mirando, liderado por Tilda Swinston, que tem outros propósitos para o animal. Entretanto Mika encontra-se involuntariamente com um grupo activista que pretende humilhar essa empresa incorrecta nos direitos dos animais.

Escrito e realizado por Bong Joon Ho, esta é também uma forte crítica à sociedade norte-americana e às suas influências por vezes descartáveis de uma sociedade absoluta. Bong Joon Ho utiliza estas armas para criar uma obra cinematográfica diferente, cultural e muito emotiva, que nos faz pensar em todas as consequências de um mundo mais capitalista. Além das sequências políticas presentes neste filme, também são vários os momentos ternos e sinceros que nos fazem sorrir e acreditar num mundo bem melhor. Esses momentos são protagonizados principalmente pela jovem atriz Seo-hyunn Ahn. E apesar da sul-coreana estar à altura do filme, muitos atores mais conhecidos decidiram aparecer neste filme como Tilda Swinton que é a líder e a vilã, mas nada comparada com a personagem de Jake Gyllenhaal, bem diferente dos papéis que já desempenhou. Neste filme desempenha uma excêntrico especialista em zoologia, mas que não é o melhor amigos dos animais.

We needed a miracle. And then we got one. Say hello to a super piglet. This beautiful and special little creature was miraculously discovered on one Chilean farm. We brought this precious girl to the Mirando Ranch in Arizona. Our scientists have been raising her with love and care ever since, observing and performing various studies. And we’ve successfully reproduced 26 miracle piglets by nonforced, natural mating. They are like nothing on Earth!

Lucy Mirando

“Okja” é um filme completo, mesmo apesar de apresentar fantasia em alguns momentos. Exemplo disso é a perseguição de Mika com o camião onde transporta Okja que o lava para os Estados Unidos. Esses momentos de ação são fortes e apresentam um dos momentos mais rápidos durante todo o filme.

Devemos dar crédito a estas histórias não tão comercializadas, mas ao mesmo tempo bonitas e com um forte factor emocional. Uma história de amizade e companheirismo que consegue resolver qualquer obstáculo. Um filme surpreendente e que não desiludiu. O blogue atribui 4 estrelas em 5.

Rating: 4 out of 5.
Netflix Portugal

O Método Kominsky

Envelhecer não é fácil. É um facto complicado para todos nós. O corpo já não responde como respondia, as capacidades começam a ficar limitadas e até o nosso humor altera. Com Michael Douglas na produção e com a distribuição da Netflix, temos uma série de drama mas divertida sobre a circunstâncias da vida e tudo ao que implica.

Envelhecer não é fácil. É um facto complicado para todos nós. O corpo já não responde como respondia, as capacidades começam a ficar limitadas e até o nosso humor altera. Com Michael Douglas na produção e com a distribuição da Netflix, temos uma série de drama mas divertida sobre a circunstâncias da vida e tudo ao que implica. “O Método Kominsky” segue a vida de dois melhores amigos, Sandy (Douglas) Norman (Alan Arkin) que divagam sobre as dificuldades de envelhecer e como contornar essas circunstâncias com muito humor. Durante duas temporadas com oito episódios cada uma, somos espectadores de uma amizade que já dura anos e como a idade é um posto, podem implicar e resmungar da forma que mais acharem adequada.

Com um argumento bem escrito e com personagens carismáticas sentimos uma conexão com esta série. Apesar do seu carácter dramático, faz-nos rir e é o que precisamos. Mesmo em alturas de crise, estas personagens utilizam o humor como arma O que resulta para o facto de sermos um pouco mais positivos, apesar das circunstâncias. Por isso esta série resulta muita bem.

Os atores Michael Douglas e Alan Arkin estão impecáveis nos seus papeis e hilariantes. Partilham uma forte amizade e velhos queixosos, mas que adoramos até invejamos este pensamento positivo pela vida.

Vencedor de prémios como: globo de ouro para melhor série de comédia e Melhor ator para Michael Douglas, facilmente percebemos o seu carácter de sucesso. Uma surpresa agradável sobre a vida ser um “saco” e por vezes ser desconfortável, mas são todos passos para uma oportunidade melhor e onde também existem momentos bons.

O Método Kominsky” tornou-se numa surpresa agradável, uma bem-disposta comédia dramática com um elenco principal de excelentes atores com uma nova perspectiva de vida. Porque velhos são os trapos e pior do que envelhecer é viver com arrependimentos.

Netflix Portugal

As Arrepiantes Aventuras de Sabrina

Os portões do Inferno estão abertos e Sabrina Spellman (Kiernan Shipka) tem apenas uma missão. Resgatar o seu namorado Nick do Inferno que ficou lá aprisionado com a alma do próprio Lúcifer. Depois do último episódio da segunda temporada da série da Netflix “As Arrepiantes Aventuras de Sabrina”, a jovem prometeu conseguir entrar no local mais temível, o Inferno, juntamente com os seus amigos: Harvey (Ross Lynch), Roz (Jaz Sinclair) e Theo (Lachlan Watson).

Parte 3: Knock Knock Knock on the Gates of Hell

Os portões do Inferno estão abertos e Sabrina Spellman (Kiernan Shipka) tem apenas uma missão. Resgatar o seu namorado Nick do Inferno que ficou lá aprisionado com a alma do próprio Lúcifer. Depois do último episódio da segunda temporada da série da Netflix “As Arrepiantes Aventuras de Sabrina”, a jovem prometeu conseguir entrar no local mais temível, o Inferno, juntamente com os seus amigos: Harvey (Ross Lynch), Roz (Jaz Sinclair) e Theo (Lachlan Watson).

A viagem da protagonista é cada vez mais difícil. Entre escolher o caminho da luz da sua parte mortal ou o da escuridão da sua metade de bruxa. Sabrina Spellman divide-se num espectro de escolhas que a torna cada vez mais vulnerável, no entanto é persistente nas suas decisões e confronta o mal com a cabeça erguida. Numa primeira fase apenas deseja recuperar o namorado, Nick que é hospede para a alma do seu pai, Lúcifer. Evidentemente que vai existir um preço a pagar (existe sempre) e a felicidade ainda está longe de ser alcançada. Nesta terceira parte da série, temos uns novos vilões. Além da fragilidade da Igreja da Noite, pois sem o seu mestre e quase dizimada na temporada anterior, Sabrina é a legítima herdeira ao trono, e nomeia Lillith como regente. Contudo, para os demónios é demais uma jovem bruxa meia-mortal estar a governar e convencem Caliban (que é feito de barro) a protestar a coroa do Inferno. Mas não é a única ameaça. Um grupo de pagãos, instala-se em Greendale e atingem a Igreja da Noite, quando esta está mais sensível a ameaças, e sem poderes. Sabrina terá de multiplicar novamente as suas tarefas entre a terra e o inferno. Durante o dia é uma estudante normal e participa em treinos de cheerleading e durante a noite pratica o satanismo e magia negra.

Apesar de esta ser a temporada mais curta desta produção da Netflix, com apenas 8 episódios, a ação não é mais escassa. Cada episódio é uma roda viva de aventuras e não existem momentos parados. Por um lado, conhecemos um pouco mais sobre os rituais e poder das bruxas, e por outro existe um desenvolvimento maior das personagens. Para quem conhece a série Riverdale, já foi possível criar mais referências entre ambas as séries, pois pertencem ao mesmo universo. Talvez se aproxima um episódio crossover. Esta temporada modificou o seu ponto de vista e aborda um lado mais musical. Além das provas de cheerleading, o grupo de amigos, Harvey, Roz e Theo formaram uma banda. Por isso podem esperar por vários momentos musicais.

Houve um forte crescimento da protagonista nesta temporada, que pela primeira vez tem fortes ameaças contra si e contra a sua ceita. A produção conduziu bem o enredo onde conhecemos mais forças de poder além de Lúcifer Morningstar, representante da bruxaria satânica. Somos apresentados a uma bruxaria pagã que idolatram os antigos deuses e as suas magias místicas. Uma aquisição à série e que muito aguardávamos era o cenário do Inferno. Nesta terceira parte os cenários assombrados de tortura e sofrimento são do melhor. O Pandemónio foi uma excelente representação de um local tenebroso mesmo ao estilo da série. O guarda-roupa das personagens foi pensado ao pormenor e por isso merece ser mencionado. 

Posso adiantar que muito aconteceu durante esta temporada e as coisas vão-se tornar complicadas para todas as personagens. Mais até foi interessante, esta sensação de roleta russa com o destino de cada um. Percebemos que ninguém está a salvo, mesmo a nossa protagonista que além de lutar contra o Mal, tem ainda que defender o seu coração que vive os primeiros dilemas amorosos. Sabrina cresceu e a série também melhorou. Entretanto espera-se uma quarta temporada e por isso vamos saudar o Senhor das Trevas. 

Netflix Portugal
Repórter Sombra