Os Miseráveis (2018)

A obra literária de Victor Hugo, volta a ter uma nova adaptação. “Os Miseráveis” foi produzido pela BBC para a televisão com um elenco de luxo.

Os Miseráveis já recebeu incontáveis adaptações seja no cinema, teatro, música, televisão. Baseado no livro de Victor Hugo de 1862, foi produzida uma nova mini-série pela BBC para a televisão. A história mantém-se, mas junta-se um elenco de luxo, liderado por Dominic West, Lily Collins, David Oyelowo e Olivia Colman.

Estamos no ano de 1815, após 20 anos de guerra a França é derrotada e Napoleão é exilado. A ordem antiga será restaurada e um novo rei aguarda ser coroado. No meio deste conflito social e político, o prisioneiro Jean Valjean é assombrado pelo seu tenebroso passado e por uma dívida que ainda não pagou. Por outro lado conhecemos a história de Fantine, uma jovem mulher que tenta melhorar o seu futuro com uma filha nos braços. Enquanto isso o inspector Javert procura a justiça cega e vai encontrar-se com estas duas personagens.

Nesta versão da BBC não conhecemos o segmento musical, mas graças ao mérito do argumentista Andrew Davies, conhecemos uma outra história mais pessoal e proporcionada ao romance. Baseada mais inteiramente nas páginas do romance original. Tal proporcionou o conhecimento de uma outra visão mais íntima. “Os Miseráveis” apresenta uma história época em tempos de instabilidade francesa, onde o rumo destas personagens se encontrou por casualidade, mas que impulsionou ao bem maior: o amor.

Com fantásticas cenários que nos fazem lembrar a época correspondente. Não ficamos desiludidos com o guarda-roupa também. Contudo para o final da série a história já tinha vários momentos parados e no final houve certas pontas que não ficaram bem esclarecidas. Nunca li o livro, mas talvez seja mesmo assim na obra literária. Concluindo esta é uma fantástica adaptação da BBC, mesmo em boa altura para o Natal.

UnREAL

UnReal é uma série da Lifetime que estreou sem complexos na televisão em 2015. Viu, chegou e conquistou. Durante quatro temporadas acompanhamos os bastidores de um programa de televisão, “Everlasting” um programa dedicado a encontrar o amor nos concorrentes.

UnReal é uma série da Lifetime que estreou sem complexos na televisão em 2015. Viu, chegou e conquistou. Durante quatro temporadas acompanhamos os bastidores de um programa de televisão, “Everlasting” um programa dedicado a encontrar o amor nos concorrentes. A história segue a produtora Rachel Goldberg (Shiri Appleby) que volta para mais uma temporada de “Everlasting” após o colapso do ano anterior, com pedido da sua amiga e mentora, a produtora executiva Quinn King (Constance Zimmer). Com uma reputação a manter, Rachel vai ter de fazer aquilo que consegue fazer melhor: manipular os concorrentes para o melhor proveito de audiências.

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Nesta série de drama acompanhamos as intrigas, mentiras e manipulações tudo para conseguirem oferecer o que o público quer. Televisão sem escrúpulos, polémica e que consegue sempre surpreender. Nos bastidores do programa, jogam com as emoções reais dos concorrentes de forma a conseguirem o que querem, uma boa história para atrair público. Logo desde o primeiro episódio que “UnREAL” conseguiu destacar-se no panorama televisivo. Uma série forte que arrasa, oferece bom drama e personagens carismáticas.

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O centro desta narrativa são mesmo as personagens Rachel e Quinn. Vivem numa relação possessiva de amor-ódio, amizade-hostilidade, mas no final e por mais que a situação complica (complica-se sempre) estão lá para a outra. Ambas as atrizes Appleby e Zimmer apresentam um desempenho feroz, emotivo e bem dramático. Duas atrizes  que receberam a sua oportunidade de brilhar e provar que a presença feminina o protagonismo pode ser compensador.

UnREAL” apresenta os bastidores destes reality-show de namoro que embora de uma forma divertida, existe um jogo tresloucado e cínico que esperemos que não aconteça mesmo na realidade. Apesar de como espectadores apreciarmos este drama intrigante. Além disso a produção conseguiu manter-se focada, apesar do extenso elenco seja na parte dos bastidores do show e concorrentes. Vale a pena conhecer esta série, pois não é muito longa e torna-se cada vez mais empolgante a cada episódio, com personagens danificadas com assuntos para resolver, além do excelente argumento que podemos encontrar.

The Act

Baseado em factos verídicos e inspirado pelo documentário “Mommy Dead and Dearest” a HULU apostou nesta série com Patricia Arquette e Joe King no protagonismo. Nesta mini-série de seis episódios, acompanhamos a estranha relação de Dee Dee Blanchard com a sua filha Gypsy Rose.

Baseado em factos verídicos e inspirado pelo documentário “Mommy Dead and Dearest” a HULU apostou nesta série com Patricia Arquette e Joe King no protagonismo. Nesta mini-série de seis episódios, acompanhamos a estranha relação de Dee Dee Blanchard com a sua filha Gypsy Rose. Desde pequena que Gypsy sempre pensou, (pensamento imposto pela mãe) que era doente. Andava de cadeira de rodas, alimentava-se por uma sonda e não podia comer açúcar. Por dia tomava dezenas de medicamentos, para doenças inventadas pela própria mãe. Gypsy nem a sua idade sabia correctamente, apenas quando ganhou maturidade é que começou a questionar as ações da mãe. Esta parece história de um filme, mas foi mesmo real.

Apesar da série ser pequena conseguimos compreender bem os acontecimentos. Entre flashbacks do passado e presente, até à situação atual das personagens. Compreendemos bem a relação desconexa de mãe e filha. Gyspsy só queria ser uma rapariga normal, que se apaixonava pelo príncipe tal como acontecia nos filmes da Disney, queria ter amigos de verdade além dos seus peluches e comer o que quisesse sem restrições. A sua mãe era uma regra constante, não a deixava viver e fazia-lhe acreditar que não estava em condições de viver independentemente. Apesar de manter muitas informações ocultas da rigor da sua mãe, Gyspsy ainda continuava com ela, pois acreditava que eram as melhores amigas, pois a mãe fazia-lhe tudo como se ainda fosse uma criança. Tudo mudou quando conheceu online um rapaz e começaram a namorar. Nick não era estável, avaliado com múltiplas personalidades, não tinha as suas capacidades intelectuais completas. Fez acreditar que era o príncipe encantado de Gypsy e fez o que sempre ela queria, livrar-se da mãe.

A Hulu conseguiu constituir bem os eventos. Apesar de alguns factores fictícios, que ajudaram a tornar a história mais apelativa, não houve muita diferença a acrescentar, pois a história já era digna de fição. Uma série bem produzida, com os cenários muito equilibrados e idênticos aos originais. O que merece ser destacado é mesmo o desempenhos das atrizes Patricia Arquette e Joe King. Vencedora de um Oscar pelo filme Boyhood, Patricia Arquette está totalmente irreconhecível nesta série. Não só o seu aspecto, que ficou mudado graças à maquilhagem, mas mesmo a sua voz e movimentos. Contudo a revelação foi mesmo Joey King, a jovem de 19 anos, que já nos surpreendeu em filmes como “Dava tudo para estar cá“. Sendo que esta não foi a primeira vez que rapa o cabelo para uma personagem. Joey King tal como Gypsy mudou o seu tom de voz, para algo mais suave e se comparamos ambas, as diferenças são mesmo poucas. Um elogio para o departamento de casting. Concluindo este drama é muito interessante com excelentes prestações e um óptima equipa que ajuda a criar mais realidade a toda a produção. Este caso ainda hoje é falado, mas agora podemos conhece-lo na fição.

A pergunta fundamental nesta série é descobrir quem matou quem primeiro.

Em Portugal podem conhecer a série na HBO Portugal.

Doutora no Alabama

Hart of Dixie ou em título português Doutora no Alabama é uma série criada por Leila Gerstein (produtora de Handmaid’s Tale) que conseguiu quatro temporadas ao longo de 2011 e 2015. A história centra-se em Zoe Hart (Rachel Bilson) uma nova-iorquina que para se tornar numa melhor médica é obrigada a praticar medicina numa clínica na pequena cidade no Alabama, Bluebell.

Hart of Dixie ou em título português Doutora no Alabama é uma série criada por Leila Gerstein (produtora de Handmaid’s Tale) que conseguiu quatro temporadas ao longo de 2011 e 2015. A história centra-se em Zoe Hart (Rachel Bilson) uma nova-iorquina que para se tornar numa melhor médica é obrigada a praticar medicina numa clínica na pequena cidade no Alabama, Bluebell. Descobre mesmo aí que a clínica lhe foi deixada pelo anterior médico da cidade, o Dr. Harley Wilkes.

Habituada à cidade e com dificuldades de integração numa pequena vila, Zoe é logo posta de parte pelos habitantes. Contudo a sua simpatia, e bom cuidado médico vão ser factores que a vão aproximar dos seus utentes e será esse o mote para Zoe continuar em Bluebell.

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O sólido elenco é dos factores mais promissores da série. Rachel Bilson (The O.C.) é a protagonista Zoe Hart, deste drama/comédia romântica, muito ao estilo de Gilmore Girls. A atriz é bastante engraçada com atitudes divertidas e estratégias que acabam sempre furadas. Um triângulo amoroso acontece quando Zoe, apaixona-se por George Tucker interpretado por Scott Porter (Friday Night Lights), mas conhece Wade Kinsella (Wilson Bethel), o mulherengo da zona. Apesar de parecer um plot cliché, não é, muito acontece com as personagens. Lemon Breeland (Jaime King), a noiva de George, começou a receber destaque o que originou divertidas peripécias. Lemon conseguiu receber um desenvolvimento emocional maior e foi das personagens que mais cresceu na série.

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Apesar de ser aquele típica girl show, “Doutora no Alabama” consegue diferenciar-se. O argumento bem escrito, complementado com diálogos coerentes e muito divertidos tornam ainda mais apaixonante está série com simplicidade. Cada episódio é uma aventura e depois de conhecermos as personagens melhor, conseguimos mesmo rir em vários momentos. Intrigas pessoais, planos de juntar casais, segredos que são revelados e sentimentos à flor da pele. “Hart of Dixie” foi filmado nos mesmo estúdios de “Gilmore Girls” e “Everwood” que se focam em pequenas cidades, tal como Bluebell. As reviravoltas no plot é uma das características desta série. Para quem aprecia mais este tipo de série relaxante e comédia trapalhona é um excelente serão. Além disso o final desta série foi dos mais divertidos que já assisti. Aquela sensação de happy ending é do melhor.

Downton Abbey

Não há série mais fiel aos tempos antigos, do que Downton Abbey. Tal se deve o seu sucesso, ao detalhe minucioso de todos os pormenores relacionados com o início dos anos 20. O criador da série Julian Fellowers, não teve mãos a medir ao criar esta série de época, líder de audiências.

Não há série mais fiel aos tempos antigos, do que Downton Abbey. Tal se deve o seu sucesso, ao detalhe minucioso de todos os pormenores relacionados com o início dos anos 20. O criador da série Julian Fellowers, não teve mãos a medir ao criar esta série de época, líder de audiências.


O Resumo

Durante o reinado de Jorge V, e início do século XX, acompanhamos o quotidiano da família aristocrata Crawley, proprietária da mansão Downton Abbey. A primeira temporada desenvolve-se em torno da trágica notícia sobre o naufrágio do Titanic, em 1912. Tal informação abalar o destino de Downton. O conde Crawley e atual responsável pela propriedade tem de conceder a herdade a um elemento masculino da família, contudo como só tem filhas, o destino de Downton torna-se cada vez mais incerto. Por tal motivo, tenta conseguir casamento para a filha mais velha, Mary, com um primo afastado da família, Matthew. Durante esta temporada acompanhamos os segredos das personagens, as suas decisões e o impacto para o futuro. Além dos senhorios da mansão, os empregados são elementos fundamentais para a manutenção do espaço. Desde o mordomo, Mr. Carson, ao lacaio, Thomas, ao motorista Tom, à governanta, Ms Hughes, cozinheira, Ms Pattmore, todos tem um papel fundamental para a família e Downton.

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A segunda temporada abrange a primeira guerra mundial, e como tal afectou a sociedade e economia do país. Tornou-se um assunto sério quando explorou o sofrimento da guerra para os britânicos. Os desaparecimentos, ferimentos e mortes causadas. A independência das mulheres e a gripe espanhola foi outros dos assuntos que marcaram. A terceira temporada decorre no começo dos anos 20. As consequências da guerra ainda continuam, a falta de dinheiro para manutenção da propriedade e a baixa no nível do pessoal, preocupa Downton. Esta temporada foca-se noutros temas como a homofobia e prostituição. Na quarta temporada os problemas financeiros dos Crawley continuam. A família terá de conseguir criar um plano de gestão da propriedade para esta se tornar rentável. O preconceito racial é o tema principal da quinta temporada. Isso e os conflitos internos entre os familiares. Na última temporada, e a chegada do mundo moderno, Downton está novamente em vias extinção. Devido a várias mansões nobres sucumbirem, é caso para não deixarem traçar o mesmo destino para Downton que se mantém como casa familiar durante gerações.

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O Sucesso

Arrasador de prémios, conquistou o público e a crítica. Nunca uma série de época conseguiu audiências tão altas. O detalhe com que ficamos a conhecer o quotidiano destas personagens, seja proprietários ou criados foi dos factores mais impressionantes. Além disso o argumento bem descontraído, com vários momentos de humor e personagens carismáticas conseguiu captar a atenção dos espectadores. “Downton Abbey” funciona quase como uma aula de história. Conhecemos os costumes, hábitos e as dificuldades/curiosidade com a chegada do mundo moderno, desta sociedade. Imediatamente fazemos parte da família Crawley, e criamos amizades com a criadagem.

O elenco é base principal de excelência que nos brindaram com excelentes interpretações. Adoro a personagem de Maggie Smith, a Condensa Violet, não perde a oportunidade para dizer o que pensa. Mas outras referências como Hugh Bonneville, Michelle Dockery e Jim Carter são sempre presenças que marcaram a série.

Esta série vai comover-nos do princípio ao fim. Apenas perde um pouco de qualidade a partir da terceira temporada, quando os assuntos já começam a desgastar. Contudo é algo superável. Especial atenção para os episódios de natal que se tornaram sempre uma referência da série. Das séries mais apelativas da televisão nos últimos anos e que nos ensina que por vezes a simplicidade é o melhor remédio. Foi anunciado este ano que Downton Abbey vai voltar para um filme com todas as personagens que já conhecemos a amamos.

Elite

No primeiro episódio desta série original Netflix de 8 episódios, ficamos iludidos com os assuntos cliché retratados. No entanto, à medida que avançamos na narrativa, o caminho que cada personagem toma torna-se mais denso. As decisões drasticamente tomadas influenciam as suas acções, que perigosamente tem repercussões futuras.

No primeiro episódio desta série original Netflix de 8 episódios, ficamos iludidos com os assuntos cliché retratados. No entanto, à medida que avançamos na narrativa, o caminho que cada personagem toma torna-se mais denso. As decisões drasticamente tomadas influenciam as suas acções, que perigosamente tem repercussões futuras.

Elite” foca-se nos herdeiros de uma das escolas mais prestigiadas de Espanha, Las Encidas. Quando uma escola pública colapsa, três jovens com bolsas de estudos são enviados para o colégio privado. Imediatamente iludidos com o glamour e dinheiro que por lá circula, são também alvos de preconceito social. Samuel (Itza Escamilla), Christian (Miguel Herrán) e Nadia (Mina El Hammani) são recebidos de forma desigual naquele novo meio. Apesar de tentarem fugir das confusões, são sempre apanhados no meio da guerra. O ponto-chave acontece quando Marina (María Pedraza), a rebelde e o espírito livre a quem o dinheiro não lhe diz nada, decide acolher Samuel e torna-se a sua melhor amiga. Os sentimentos entre ambos começam a despertar e o que era uma amizade dá lugar a um romance. Marina desabafa sobre a sua vida disfuncional, com pais orgulhosos das suas as conquistas monetárias e procura uma “fuga” daquele mundo luxuoso, que só funciona sem sentimentos e coração gélido. Contudo, a inocência de Samuel é um obstáculo à maneira como guarda os seus segredos. Quem não vai gostar deste novo amigo da irmã é o super-protector Gúzman (Miguel Bernardeau). Também namorado de Lu (Danna Paola), uma rapariga atrevida e competitiva que sente um rancor enorme por Nadia, uma jovem palestina.
O que parecia mais um drama teen muda de cenário, quando percebemos a seriedade dos temas retratados na série. “Elite” foca-se em problemas fortes da sociedade, como o vício das drogas, doenças sexualmente transmissíveis, homossexualidade, gravidez na adolescência, outras religiões, exclusão social e não para por aqui. Enquanto lidamos com estas situações, somos confrontados com o mistério que paira no ar. Afinal quem é o assassino? Sim uma das personagens é assassinada, que descobrimos no final do primeiro episódio. Mas só no final descobrimos quem foi o culpado.  Apesar dos temas maduros evidenciados no decorrer da série, o espaço e tempo para aprofunda-los não foi o suficiente. Estas novas ideias para uma série adolescente foram abordadas de uma forma superficial o que desvalorizou a narrativa. Contudo é esta a única crítica a “Elite”.  [LER MAIS]

Sharp Objects

Um drama familiar tenebroso que explora os limites da sanidade mental. Amy Adams destaca-se brilhantemente no protagonismo ao lado de Patricia Clarkson.

Um drama familiar tenebroso que explora os limites da sanidade mental. Amy Adams destaca-se brilhantemente no protagonismo ao lado de Patricia Clarkson.

Sharp Objects” não é uma série para todos. Apesar de já ter assistido há uma semana, ainda é difícil digerir algumas das situações retratadas nos oito episódios. Uma série do canal HBO, baseada nos livros de Gillian Flynn (escritora de “Em Parte Incerta”) e realizada por Jean-Marc Vallée (“Big Little Lies”). Aliás vários dos planos apresentados, como os fragmentos entre o passado e o presente são semelhantes aos da série protagonizada por Reese Witherspoon e Nicole Kidman.

Toda a ação centra-se na personagem Camille Preaker (Amy Adams) uma repórter criminal que é enviada pelo editor do jornal onde trabalha para cobrir uma história sobre uma jovem assassinada e outra desaparecida, em Wind Gap, uma pequena cidade em Missouri. Camille indecisa sobre a sua viagem ao local, sente-se desconfortável com a ideia, afinal foi lá que viveu grande parte da sua vida. Desde o primeiro minuto que “Sharp Objects” suscita a curiosidade do espectador. Pouco conhecemos sobre as personagens e o seu envolvimento com o caso. Percebemos que Camille está nervosa na sua ida a Wind Gap. Enquanto conduz bebe pequenas garrafas de vodka e come apressadamente snacks. Logo percebemos uma das razões da insegurança da protagonista, a sua mãe. Adora Crellin (Patricia Clarkson) vive das aparências na sua mansão, juntamente com o marido e a filha mais nova, Amma (Eliza Scanlen). A adolescente finge ser uma menina educada, quase uma boneca nas mãos da mãe em casa, mas na rua é uma rebelde sem escrúpulos. Para Adora tudo tem de estar perfeito e erros não são tolerados. O desconforto entre a Camille e a mãe é evidente e percebemos imediatamente que ambas não partilham da mesma opinião.

Um mistério contínuo envolve a essência desta série. Viciante e intensa é caracterizada como das melhores séries do ano. A narrativa gradualmente vai-se desenvolvendo. Numa cidade onde aparentemente nada acontece, tudo é possível. Camille apesar ter vivido lá durante muitos anos, é vista como uma forasteira para os seus habitantes. A sua rebeldia de juventude é conhecida e ainda sofre pela inveja dos outros, em abandonar a sua terra natal. Comprometida em encontrar soluções para o trágico caso, conecta-se espontaneamente com o Detetive Richard Willis (Chris Messina). Ambos procuram o mesmo, mas as pistas são difíceis de seguir e as testemunhas pouco fiáveis. Apesar da aparência dura e forte de Camille, ela profundamente, é uma mulher frágil e danificada. Os flashbacks da sua adolescência, interpretados por Sophia Lillis (“It”) são a prova disso mesmo. Camille escolhe sempre roupas largas e escuras, para desagrado da mãe. Só mais para a frente, descobrimos a dura realidade na vida de Camille. Magoa-se voluntariamente como forma de se castigar. O seu corpo está coberto de cicatrizes com marcas de culpa. Culpa-se principalmente pela morte da irmã mais nova que morreu de doença em criança. Por esse motivo, esta personagem é quase intocável, não procura afetos e distancia-se das pessoas. [LER MAIS]

Mulherzinhas

“Little Women” em título original foi uma série de 2017, desenvolvida pela BBC. Adaptada pelo livro de época com sucesso, escrito por Louisa May Alcott, descreve a história de quatro irmãs em plena Guerra Civil.

Little Women” em título original foi uma série de 2017, desenvolvida pela BBC. Adaptada pelo livro de época com sucesso, escrito por Louisa May Alcott, descreve a história de quatro irmãs em plena Guerra Civil.

Meg, Jo, Beth e Amy são quatro irmãs, mas não podiam ser mais diferentes. A mais velha, Meg é a mais responsável e aquela que se identifica com a época que vive. Com capacidade maternal sonha casar-se e ter filhos. Jo e aquela personagem com mais visibilidade (diz-se que a escritora baseou-se em si própria para esta personagem) sonha com algo mais. Conhecer novos mundos e refere sempre a sorte que os rapazes tem em já nascerem como são, as mulheres são privadas a tudo. Claramente que nasceu na época errada. A irmã Beth é a mais tímida. Vive em casa com mãe, mas não tem a saúde mais forte, contudo tem uma forte ligação com Jo. A irmã mais nova, Amy é a mais irresponsável, ainda criança é rebelde e não gosta que lhe dêem ordens. Tem uma grande rivalidade com Jo. Enquanto o pai está na Guerra Civil em Massachusetts, as raparigas March vivem ao cuidado da mãe, Marmee. Enquanto lutam para sobreviver nesta época, as irmãs vão conhecer situações que as vão unir ainda mais, pois os laços familiares são os mais difíceis de quebrar.

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Esta narrativa explica as circunstâncias da sociedade daquele tempo. Como uma jovem mulher se tornava adulta e enfrentava os obstáculos. Na verdade esta narrativa é feminista, as personagens masculinas são apenas suporte e não protagonistas. Louisa May Alcott baseou-se na sua própria vida e nas suas próprias irmãs, para a escrita desta obra. Actualmente tornou-se nos livros de época que apesar de ficcional representa com clareza a realidade da época.

A produção recebeu críticas positivas desta nova adaptação. “As Mulherzinhas” ainda continua a ser uma obra contemporânea e um excelente avaliador de comportamentos. O elenco jovem manteve-se ideal com as suas personagens e conseguiram exceder as expectativas. Esta é uma obra familiar que segue os padrões convencionais. Facilmente o espectador sente uma ligação com a família March e principalmente com as relações de irmandade apresentadas. “Mulherzinhas” já recebeu várias adaptações na televisão e no cinema. Esta aqui referida foi de 2017, entretanto estão adaptar outra longa metragem. No elenco já tem nomes confirmados como Meryl Streep e Emma Watson.

Socorro

“Rescue Me” no seu título original é uma série de 2004 que conseguiu sete temporadas. Talvez das primeiras séries televisivas que se focaram na tragédia do dia 11 de setembro de 2001 que abalou não só os Estados Unidos da América no seu centro, como o resto do mundo. A série aborda a vida de Tommy Gavin, um bombeiro que esteve presente nas torres gémeas após a ataque onde a sua vida mudou para sempre.

Rescue Me” no seu título original é uma série de 2004 que conseguiu sete temporadas. Talvez das primeiras  séries televisivas que se focaram na tragédia do dia 11 de setembro de 2001 que abalou não só os Estados Unidos da América no seu centro, como o resto do mundo. A série aborda a vida de Tommy Gavin, um bombeiro que esteve presente nas torres gémeas após a ataque onde a sua vida mudou para sempre. Além da perda de vários companheiros nesse fatídico dia, também o seu primo foi uma das vítimas, um dos seus melhores amigos. Conflitos constantes com a sua esposa, Janet, ditou o fim do casamento. A sua distracção pela educação dos seus três filhos foi dos principais motivos. Além de lidar com o stress-pós traumático tem que ser o ombro amigo de Sheila, a viúva do seu primo, por quem ela tem um fraquinho. A juntar à equação tem na família o vício do álcool e a dificuldade de comunicação. Enquanto concilia a sua vida privada com o quartel de bombeiros em Nova Iorque, ao lado dos seus companheiros, cada um com os seus problemas de adaptação.

Uma série com testosterona a mais que divaga sobre as complicações da vida matrimonial, o emprego, a luta em ser um bombeiro em Nova Iorque e as conquistas e fracassos do dia-a-dia. O protagonista Denis Leary evoca frequentemente as suas origens irlandesas na série, já que também produziu vários episódios, o que também contrasta com a diversidade cultural que existe. Daniel Sunjata interpreta Franco um porto-riquenho, Larenz Tate é o Black Shawn único de cor negra no quartel.

Apesar de até ser uma série interessante com um diálogo imediato e espontâneo (quase que nem existe falas em papel) durante sete temporadas a narrativa torna-se desgastante e quase aborrecida. Focando-se sempre nos mesmos temas como o vício do álcool (começa e termina), relações conturbadas (começa e termina), doenças (começa e termina noutras personagens). Um vai-e-vem de sequências repetitivas que já não mede o interesse do público. Acredito que os atores apenas continuavam a filmar como forma de divertimento, pois já eram considerados uma família. As últimas duas temporadas já só conseguiram 10 episódios cada uma.

Inicialmente o argumento livre e descontraído considerei-o dos factores mais positivos e interessantes da série. Uma comunidade de bombeiros que diz tudo da boca para fora, quase sem pensar. Quanto a evolução das personagens é quase nula, pois cada uma ainda se mantém igual da primeira à última temporada. O que também achei interessante em “Rescue Me” era a componente sobrenatural. Tommy tinha a capacidade de ver os fantasmas das pessoas já falecidas, mas não conseguiram desenvolver essa envolvente. Mantendo apenas as alucinações entre as pessoas próximas que perdeu durante a série e que lhe deambulavam situações que ele devia ter melhorado. O factor de morte estava muito presente na série, pois a cada temporada perdia-se uma pessoa de interesse para a série e até personagens que ainda faltava demonstrar o seu verdadeiro valor.

O último episódio de “Socorro” foi dos melhores episódios finais de séries que já assisti. Além da tristeza, ainda nos conseguimos rir bastante e houve um pequeno twist, com um final em aberto para novas oportunidades. Acabou da melhor maneira para estas personagens.

Por 13 Razões

Os temas debatidos nesta série são fortes e chegou a altura de dizer “chega” e ajudar quem mais necessita. No início de cada episódio os atores abordam os fãs com indicações de linha de ajuda caso necessitem. Um facto é que o recurso a estas linhas aumentou desde a estreia da série.

Temporada 2

Esta série podia ter ficado pela primeira temporada. Mas devido ao forte impacto que causou na audiência, decidiram manter-se numa segunda temporada, focando-se nos mesmas temas da anterior: bullying, violações, suicídio, drogas, dificuldades de interacção sociais, entre outros fortes temas. A série que chega como um alerta as sinais de pedidos de ajuda da comunidade mais jovem.

Nesta segunda parte da série “Por 13 Razões” acompanhamos o julgamento dos intervenientes na morte da Hannah. Cada uma das personagens que foi uma razão da sua escolha, irá revelar a verdade (ou não) sobre a sua situação com a protagonista. Cada um tem a sua própria história, e essa história pode ser contada de maneiras diferentes. Enquanto que na temporada passada conhecemos o lado da história da Hannah, nesta vamos conhecer o outro lado dos intervenientes.

Passados 6 meses desde os eventos da temporada anterior e da descoberta das cassetes de Hannah por Clay, é apresentada uma evolução das personagens. Alex ainda em recuperação, após a tentativa de suicídio. Jessica ainda sofre com a descoberta da sua violação provocada por Bryce, e só agora vai voltar para a escola. Clay começou um namoro com Skye, que revela ter problemas psiquiátricos e Justin ainda se encontra desaparecido. Cada uma das personagens, encontram-se danificados, mas tentam recuperar dos seus próprios traumas e medos.

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Voltamos ao retro. Depois de cassetes audio, o foco nesta temporada são as fotografias polaroid. Uma prova que a Hannah não foi a única vítima. A verdade vai descobrir-se a cada episódio que se aproxima do fim. O último foi provavelmente o mais marcante e apresenta mesmo a intenção de chocar. Tal com a cena do suicídio de Hannah que foi apresentado explicitamente na série, também este momento foi muito pensado e necessário para entendermos o sofrimento destes jovens. Uma causa é o fruto de uma consequência, e tal foi bem evidenciado.

Os temas debatidos nesta série são fortes e chegou a altura de dizer “chega” e ajudar quem mais necessita. No início de cada episódio os atores abordam os fãs com indicações de linha de ajuda caso necessitem. Um facto é que o recurso a estas linhas aumentou desde a estreia da série. Muito ainda ficou em aberto e espera-se uma terceira temporada para o próximo ano, já confirmada.

Por 13 Razões” é muito intenso e íntimo. Existem cenas que quase nos deixam sem ar de tão fortes e pesadas que são. Apesar de ser ficção esta série, acredito que os atores necessitem de grande apoio emocional para muitas das cenas que retratam.

Concluindo esta temporada foi longa, cada um demorava 1hora que arrastava o desenvolvimento do enredo, mas que no final tudo foi explicado. “Por 13 Razões” é uma série pesada, mas merece ser vista, pois apresenta o sofrimento em temas ruins da sociedade. Volta a ser pertinente e necessária, já que falta mais conteúdo assim.