Família Pioneira no Crime
A minha vontade de ver uma série de época, levou-me à descoberta da série “Os Bórgia”. Além disso tive conhecimento da sua potencialidade, através de uma amiga minha, que fez questão em aconselhar-me a assistir. Demorei a começar, mas já vi. Todinha. Só tenho pena é de não haver mais episódios.
Este drama histórico surpreendeu-me pela positiva. Baseado em factos reais (e por mais incríveis que pareçam) em pleno séc. XIV, Rodrigo Borgia tornou-se Papa da Igreja Católica em Roma. Até aqui tudo bem, não fosse ele o Papa mais corrupto e luxurioso de toda a história. O abuso do poder, o sexo, a ostentação e o assassinato são temas recorrentes de todo este drama. Acompanhamos a história da família Borgia, Rodrigo o pai, Cesár o filho mais velho, destinado a ser cardeal; Juan o filho mais novo que comandava exércitos e Lúcrecia a filha que depressa aprendeu o que era ter o sangue Borgia. Ninguém nesta família era correto, e cada um tem o seu “dirty little secret“. Mas verdade seja dita, sendo o centro do enredo da série, o telespectador não odeia os Borgia, apesar de todo o mal fazem. Os fins justificam os meios, ou assim pensavam eles.
Em pleno Renascimento, desenganem-se aqueles que esta época em Itália era do melhor que havia. Não. Esqueçam as belas obras arquitectónicas, as pinturas maravilhosas, e a chegada da intelectualidade. No Renascimento a vida era difícil. Não se confiava em ninguém. Havia fome, pobreza, guerra (época de conquistas), os casamentos eram por interesse, e a religião ainda era um receio. Todos os dias eram encontrados corpos a boiar no rio Tibre, assassinados não se sabe por quem. Ora esfaqueados, ora envenenados, ora outra coisa qualquer. Todos queriam o mesmo: poder e riqueza. E poucos o conseguiam, e se conseguiam não duravam muito tempo. Só os mais astutos sobreviviam, e os Borgia são uns desses. A série explica bem os males da época, os mais perfeccionistas vão protestar que a história não corresponde à realidade, mas não importa. É uma série televisiva convém que seja mais interessante e com um trama maior do que acontecesse na verdade.
A série foi filmada na Hungria, mas os cenários estavam bem elaborados, onde uma Itália Renascentista era evidente. O guarda-roupa bem delineado traziam mais exuberância às personagens. Quanto aos atores o elenco foi bem escolhido, no entanto Jeremy Irons apesar do ótimo ator que é, não o esperava para este papel, devido à falta de evidências físicas com Rodrigo Borgia. Mas fora isso esteve bem. Os atores François Arnaud e Holliday Grainger surpreenderam-me bastante como César e Lúcrecia Bórgia. Quanto às personagens gostei do Michelotto, apesar de não ser o melhor exemplo, ele era astuto e cómico ao mesmo tempo. Concluindo aconselho a verem esta série, uma drama histórico que promete surpreender.